Logo, imagino que quem se decida a ler este blog se pergunte também o por quê do nome.
Pois bem.
Existe uma certa casta de pessoas, da qual faço parte, que, ao contrário da maioria, não vê a menor graça nas festas de fim de ano e até mesmo se deprime com elas.
Talvez porque as festas de fim de ano sejam o prenúncio de algo novo, coisa que sempre me assusta e preocupa. O que vai ser de mim no ano que vem? Chegarei no próximo natal? Vou estourar champagne no próximo réveillon?
E foi com um misto de ressaca e dessas preocupações 2012 começou com a notícia triste da morte de Daniel Piza, jornalista e escritor, que sofreu um aneurisma, aos 41 anos, deixando mulher e três filhos pequenos, no dia 30 de dezembro de 2011 e foi notícia no primeiro Estadão do ano.
Daniel era um intelectual na melhor acepção da palavra: tratava de teatro como dramaturgo, de dança como dançarino, de literatura como crítico competente; era filósofo e cientista político. Enfim, escrevia com propriedade sobre qualquer assunto que pudesse interessar a um “ser” humano.
Durante os anos em que o acompanhei no Estadão desconfiava: “como é possível alguém falar com a mesma desenvoltura do CD da Adele e da apresentação da OSESP?
Cheguei a pensar que, na verdade, ele dispunha é de uma grande equipe, mas sei que tudo estava dentro do mesmo cérebro que o traiu.
É bem verdade que não era rara nossa discordância, mas imagino que a unanimidade nunca tenha sido seu objetivo. Muito pelo contrário, Daniel era um descendente da linhagem dos grandes polemistas, como Paulo Francis e Nelson Rodrigues. De acordo ou não, seus textos me ajudavam a divisar novos caminhos entre os pêlos do coelho.
No final de suas colunas dominicais, Daniel terminava sempre com um “aforismo sem juízo”, um nome genial, já que o termo “aforismo” implica sempre em um juízo de valor.
O nome deste blog, portanto, é uma singela homenagem àquele que lhe inspirou.
Eis aí o porquê do nome.
Muito bom.
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