domingo, 28 de outubro de 2012

O Porquê do Nome

Nomes são um fato curioso. Isso porque as coisas, em si, não têm nome. Nomear algo é uma ação exclusivamente humana. E, sendo assim, não deixa de ser intrigante pensar por que alguém decide dar certo nome a determinada coisa ou pessoa. Da minha parte, sempre quis saber por que minhas bandas preferidas tinham esse ou aquele nome, quando comprei um cachorro fiquei pensando em que nome lhe dar, ou que nome darei ao meu filho...
Logo, imagino que quem se decida a ler este blog se pergunte também o por quê do nome.
Pois bem.
Existe uma certa casta de pessoas, da qual faço parte, que, ao contrário da maioria, não vê a menor graça nas festas de fim de ano e até mesmo se deprime com elas.
Talvez porque as festas de fim de ano sejam o prenúncio de algo novo, coisa que sempre me assusta e preocupa. O que vai ser de mim no ano que vem? Chegarei no próximo natal? Vou estourar champagne no próximo réveillon?
E foi com um misto de ressaca e dessas preocupações 2012 começou com a notícia triste da morte de Daniel Piza, jornalista e escritor, que sofreu um aneurisma, aos 41 anos, deixando mulher e três filhos pequenos, no dia 30 de dezembro de 2011 e foi notícia no primeiro Estadão do ano.
Daniel era um intelectual na melhor acepção da palavra: tratava de teatro como dramaturgo, de dança como dançarino, de literatura como crítico competente; era filósofo e cientista político. Enfim, escrevia com propriedade sobre qualquer assunto que pudesse interessar a um “ser” humano. 
Durante os anos em que o acompanhei no Estadão desconfiava: “como é possível alguém falar com a mesma desenvoltura do CD da Adele e da apresentação da OSESP? 
Cheguei a pensar que, na verdade, ele dispunha é de uma grande equipe, mas sei que tudo estava dentro do mesmo cérebro que o traiu.
É bem verdade que não era rara nossa discordância, mas imagino que a unanimidade nunca tenha sido seu objetivo. Muito pelo contrário, Daniel era um descendente da linhagem dos grandes polemistas, como Paulo Francis e Nelson Rodrigues. De acordo ou não, seus textos me ajudavam a divisar novos caminhos entre os pêlos do coelho.
No final de suas colunas dominicais, Daniel terminava sempre com um “aforismo sem juízo”, um nome genial, já que o termo “aforismo” implica sempre em um juízo de valor.
O nome deste blog, portanto, é uma singela homenagem àquele que lhe inspirou. 
Eis aí o porquê do nome.